REVISTAS E PUBLICAÇÕES DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DE GOIÁS


          O Instituto Histórico e Geográfico de Goiás, nestes 78 anos de existência, publicou vinte e uma edições da revista com as colaborações de associados e pesquisadores que atuam nas áreas de História e de Geografia. Apresenta ainda, rico acervo da cultura geral de nossa região. Entrega agora aos seus associados e à comunidade interessada em conhecer as ciências históricas geográficas e a cultura de nosso estado, a revista de número 20. Isto porque, entre a primeira e a segunda publicação, passaram-se alguns anos. A segunda edição, muito distante da primeira, foi considerada como primeira. Está no prelo a edição de número 21. Todas es edições, com estoque suficiente, estão à disposição dos interessados, na sede do IHGG. Podem ser adquiridas no Instituto ou por meio de depósito bancário.
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CAPA E APRESENTAÇÃO DA REVISTA  NÚMERO 20





APRESENTAÇÃO


          A Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Goiás, com muito esforço, chega ao seu vigésimo número. O veículo dedicado às ciências históricas, geográficas e à cultura de Goiás tem sobrevivido graças ao empenho dos dirigentes do Instituto e à colaboração de associados abnegados. Assim o número 20 da Revista constitui-se em importante conquista que marca a continuidade da instituição que mantém sua atuação, com poucas interrupções, desde o ano de 1932. Com esta edição a Revista do IHGG mostra seu nível de amadurecimento, seja quanto ao caráter científico da maioria de suas matérias, seja quanto à adequação formal às normas editoriais específicas e sua inscrição no ISSN, incluindose,portanto, no concerto da mídia acadêmica brasileira. É o caminho que deve seguir a instituição, sua práxis e produção, como já antevisto no artigo inicial de seu estatuto. A montagem desta edição teve, mais uma vez, o empenho de sua diretora, Lena Castello Branco Ferreira, da associada profa. Nancy Ribeiro de Araújo, e a especial dedicação da Secretária do Instituto, sócia efetiva Elizabeth Caldeira Brito, além do carinho do Diretor da Editora Kelps, Antônio Almeida e seus colaboradores. Sob aspecto de conteúdo, a publicação reúne colaborações de associados e pesquisadores que atuam na área da História e da Geografia, com aportes e reflexões ricas e esclarecedoras. Destaque-se, o artigo inicial, Pequena História da Agropecuária Goiana, de autoria do associado Antônio Teixeira Neto; O centenário da revista Tico-Tico, onde o historiador Bento Alves Araújo Jayme Fleury Curado discute o papel da Revista no cenário cultural brasileiro; no artigo Raízes do Cangaço, o intelectual Paulo Nunes Batista analisa o fenômeno do cangaço, acrescentando importantes observações sobre esses bandoleiros e o processo social que os criou. Veja-se ainda, "Gabriela Mistral y sus Motivos de San Francisco", do sócio correspondente internacional Esteban Alvarado Vera, de Melipilla, Chile. Da Professora Lena Castello Branco Ferreira de Freitas, o artigo No Segundo Império, Deputados e Mandarins em Goiás, trazendo os traços do rigor investigativo, da reflexão acurada da grande historiadora. O texto O Gabinete Literário e a Federação Goiana para o Progresso Feminino tem a contribuição dos pesquisadores Maria Meire de Carvalho e Thiago Sant’ Anna, que se debruçam sobre o acervo do Gabinete Literário Goiano, na cidade de Goiás, procurando dar visibilidade à documentação da “Federação Goiana para o Progresso Feminino” e outros enfoques relacionados aos estudos de gênero. Enriquecem ainda este número palestras e conferências como A Filosofia de Agostinho da Silva na Criação de Centros de Estudos no Brasil, de autoria do associado ilustre Gilberto Mendonça Teles. O Regionalismo e Subdesenvolvimento: O Papel do Escritor, do saudoso escritor e historiador, sócio emérito do IHGG, falecido este ano, Modesto Gomes. O Brasil no Contexto Internacional, palestra proferida no IHGG, em 20/8/2008, pelo especialista em assuntos estratégicos e política internacional, Almirante Domingos P. Castello Branco Ferreira, sócio correspondente do Instituto. Primórdios Históricos, Educacionais e Culturais de Porangatu, palestra pronunciada por Ana Braga, sócia efetiva do IHGG; O Colégio Santa Clara, um Pioneiro em Goiás, discurso proferido na Festa de Santa Clara, em 11/8/2005, pela educadora e historiadora Irmã Áurea Cordeiro de Menezes, ocupante da cadeira n.º 40 de nosso Instituto.
          Encerra a revista com vários estudos biográficos sobre relevantes figuras de nossa história: General Médico Theodoro Rodrigues de Morais (1816-1879), por Alberto Martins da Silva do IHGB; Dr. Joaquim Machado de Araújo, da sócia correspondente Terezy Fleuri de Godói; Sabino Vieira – Médico, Político e Revolucionário Baiano, por João Alberto Novis Gomes Monteiro, da Sociedade Brasileira de História da Medicina. Finalmente, insere-se ao fim do volume informes e manifestações sobre eventos promovidos pelo IHGG no período: inaugurações de obras, homenagens e comemorações de vultos históricos, especialmente pertencentes ao Instituto Histórico e Geográfico de Goiás, como Colemar Natal e Silva, presidente perpétuo e Augusto da Paixão Fleury Curado, e o grupo de intelectuais que fundaram o Instituto na Cidade de Goiás em 1932. Resta-nos agradecer a todos os associados,sempre atentos e generosos aos chamados do Instituto, seus funcionários, Diretoria Executiva e Comissões Permanentes. Acredito que, a partir de agora, a Revista passará a ter uma periodicidade, pelo menos semestral. Esperamos sugestões e colaborações para nossos próximos números. Minha especial gratidão à Diretora da Revista Profa. Lena Castello Branco Ferreira, à Comissão Editorial e a todos que contribuíram para a viabilização deste número.

Goiânia, março de 2009
 
Aidenor Aires


      

APRESENTAÇÃO E PREFÁCIO DO LIVRO
A VINDA DA FAMÍLIA REAL PARA O BRASIL - 200 ANOS

APRESENTAÇÃO

*Aidenor Aires

           Os textos que compõem esta publicação resultam das comunicações oferecidas no seminário Goiás e a Vinda da Família Real para o Brasil – 200 Anos, realizado pelo Instituto Histórico e Geográfico de Goiás nos dias 28 e 29 de maio de 2008. O seminário que foi coordenado pela saudosa associada historiadora, GilkaVasconcelos Ferreira de Salles, teve como objetivo promover uma breve, mas profunda reflexão sobre o sentido da transmigração real e suas repercussões para o território que virá a constituir-se no estado de Goiás. Apoiaram a realização do seminário, a Universidade Católica de Goiás, Universidade Federal de Goiás e Academia Goiana de Letras. A programação se desenvolveu em vários momentos. A abertura contou com a emissão de selo comemorativo pelos Correios 200 Anos da Chegada da Família Real Portuguesa ao Brasil. Foi conferida posse ao Dr. Josemar Raposo, do instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, como sócio correspondente de nosso Instituto. Ilustrou também a sessão de abertura uma performance cultural pelo Grupo de Teatro Arte e Fatos, da Coordenação de Arte e cultura da UCG. Sucederam ainda, o lançamento do número 19 da Revista do IHGG, exposição fotográfica “Goiás e a Linhagem da Família Real em Imagens, pela associada arquiteta Narcisa de Abreu Cordeiro e o lançamento do livro D. Pedro II - O Imperador da Cultura de autoria da associada Esther Barbosa Oriente. Na matéria de fundo, objetivo principal do seminário, seguiram-se as comunicações que convergiram para três grandes eixos temáticos: A Vinda da Família Real e a Construção da Nação Brasileira, Goiás no Século XIX – Panorama Histórico Cultural e Goiás e a Vinda da Família Real – Influências e Ressonâncias. No primeiro bloco ou enlace temático, teve lugar a comunicação, a cargo do professor Doutor em História, Sócio do IHGG e professor do mestrado em História Cultural da UCG, Eduardo José Reinato. O ilustre professor e historiador abordou o tema A Transferência da Corte – Enfoque Imagético, onde desenvolveu aguda interpretação do acervo de representações iconográficas referente à figura imperial, revelando em sua leitura mais que o explícito no discurso imagético, desnudou a larga teia de significados e sugestões que contribuíram para a configuração da figura do imperador sustentada pelo imaginário coletivo. De outro lado, o Doutor em História, sócio do IHGG e professor da UFG, Noé Freire Sandes, abordou o tema Momento Fundador, onde desenvolveu a releitura do episódio da vinda da família real como aval de origem da nação brasileira conectada á tradição e à ancestralidade da realeza e da história portuguesa. Em seguida, o historiador e membro do IHGG Doutor Hélio Moreira, discorreu sobre Os Meios de Comunicação em Goiás no Século XIX. Sua palestra foi elucidativa sobre as grandes dificuldades de integração da então distante capitania de Goiás ao nascente Brasil, como do difícil alcance das ações do governo imperial para o desenvolvimento de sua remota província. Ressalta a insistência dos governos da capitania, e depois da província, em viabilizar a navegação fluvial e construir estradas que permitissem ao distante Goiás acercar-se do centro emanador do poder. O terceiro e último enfeixe temático contou com três exposições. A primeira, D.João VI – Nova Leitura, foi apresentada pela associada professora Doutora em História pela USP Maria Augusta Sant’Anna Moraes, que discorreu sobre a figura do Príncipe Regente, apontando as qualidades de estadista de D. João VI, a compreensão do monarca sobre o momento histórico em que viveu e a relevância de seu governo para a continuidade da dinastia, do império português e a construção da nacionalidade brasileira. Em seguida, foi apresentado o tema Os Governadores Goianos no Período Joanino pela professora, Lena Castello Branco Ferreira Freitas, doutora em História Social pela USP, associada e Diretora da revista do IHGG. Discorreu sobre os três governantes de Goiás naquele período, analisou seus projetos, feitos e decepções em razão do imobilismo ocasionado pelas enormes distâncias, o irrecorrível isolamento da capitania e os efeitos decorrentes do exaurimento da mineração aurífera. Finalizando as reflexões propostas para o seminário, o historiador e geógrafo, Doutor Antônio Teixeira Neto da UFG e também sócio do IHGG, historiou a Formação dos Municípios Goianos. Em sua comunicação, o notável pesquisador fez considerações sobre o processo de ocupação do território, os fatores econômicos que foram determinando a fixação dos primeiros núcleos populacionais, ainda na vigência do entusiasmo minerador; e os seguintes, nascidos e desenvolvidos com o avanço da economia gropecuária. O desenvolvimento do temário a cargo de importantes historiadores e pesquisadores da experiência histórica do povo goiano ensejou debates, considerações e questionamentos que continuam vivos no processo da compreensão dinâmica de nossa caminhada histórica. Com isto, o instituto Histórico e Geográfico de Goiás contribui para o conhecimento, a divulgação e a promoção da memória goiana e brasileira. Com esta e outras iniciativas, como a periodização de nossa revista, sua adequação às normas editoriais e exigências acadêmicas, o IHGG está procurando cumprir seu papel de preservar e promover a memória de Goiás, mas também inserir-se nas novas discussões da história e da geografia. Testemunhamos nosso agradecimento aos historiadores e pesquisadores que participaram do evento e cederam os textos para esta publicação. À comissão organizadora, formada pelas associadas Heloísa Selma Fernandes Capel, Elizabeth Caldeira Brito, sob a coordenação geral da professora Gilka Vasconcelos Ferreira Salles, a quem rendemos nosso preito de admiração permanente e saudosas homenagens. Registramos também o reconhecimento do IHGG aos nossos diretores, associados, parceiros funcionários e apoiadores, especialmente ao município de Goiânia, sob cujo patrocínio se faz esta publicação, por mercê da lei municipal de incentivo à cultura.
*Aidenor Aires é escritor, pesquisador,
mestrando em História Cultural e presidente do
Instituto Histórico e Geográfico de Goiás.

PREFÁCIO

Heloisa Selma Fernandes Capel
Comissão organizadora
Agosto de 2009

          Os Institutos Históricos sempre cumpriram sua função: a de promover a pesquisa, a coleta e divulgação de documentos e a de conformar uma identidade patrimonial tangível ou não, por meio de suas atividades. Cientes de que a valorização da memória é mais do que uma tarefa de seus membros, é um dever de ofício, os confreiros do Instituto realizam aquilo que sempre foi mais do que uma vocação histórica: reunir conhecimento sobre um assunto e, por meio dele, transpor limites, promover encontros e diálogos.

          No ano em que se comemorou os 200 anos da vinda da Família real para o Brasil, o Instituto Histórico Geográfico de Goiás promoveu o Seminário Goiás e a Vinda da Família Real para o Brasil – 200 anos, que contou com a coordenação de nossa saudosa historiadora, Profa. Dra. Gilka Vasconcelos Ferreira de Salles. Foi a última atividade pública de nossa confreira e assessora de história do Instituto. Profa. gilka sabia, como todos nós, que narrar histórias é uma forma de sobreviver ao tempo e favorecer diálogos. e foram muitas as vozes ouvidas durante o encontro. Vozes da academia que se mesclaram às vozes de instituições, de estudiosos, estudantes e da comunidade em geral.

          A idéia apresentava um desafio: pensar os impactos, influências e ressonâncias da vinda da Família real em Goiás, um espaço considerado isolado dos principais centros. Foi neste espírito que convidamos professores e pesquisadores de história e geografia com significativa inserção na análise sobre Goiás para nos apresentar um panorama do Brasil no século XIX, suas ligações com a Corte, os conteúdos que contribuíram para a estruturação de um momento fundador da nação e, ainda, um diagnóstico sobre os meios de comunicação em Goiás, a formação dos seus municípios e um panorama do século nos importantes documentos apresentados nos discursos dos governadores de Goiás no período joanino.

          E assim foi. A primeira conferência nos trouxe uma visão inovadora sobre a transferência da corte. Com foco nas imagens produzidas sobre D. João VI, estimulou reflexões comparativas sobre a construção da imagem do Rei. Segundo Eduardo José Reinato, o estudo justificou-se, pois dentre os reis portugueses, nenhum foi alvo de tanta polêmica como Dom João VI. As imagens pictóricas e mentais, diz o pesquisador, bem como as representações sobre ele são muito difundidas ainda hoje de forma extremamente paradoxal. Dom João VI tornou-se, talvez, considera, o personagem de nossa história mais vulnerável à caricatura fácil, à detração, fosse por sua personalidade, seus costumes pessoais ou pelas atribulações em sua vida conjugal. Assim, conclui, o imaginário sobre o rei transita de um universo jocoso e ficcional, para um universo dramático e melancólico. Suas reflexões acrescentam um ponto sobre nosso conhecimento a respeito do rei português, além de contribuir de maneira original para a aplicação do estudo de imagens como recurso de leitura histórica.

          Com a mesma singularidade e um significativo trabalho memorialístico, Hélio Moreira fez um passeio por mais de uma dezena de documentos sobre Goiás no período, para traçar um panorama dos desafios de comunicação, elementos que por si pintaram um quadro de isolamento da província, fatores que por certo, dificultaram as ressonâncias mais diretas da vinda da Corte Portuguesa para o Brasil.

          A historiadora Maria Augusta Sant’Anna Moraes, por sua vez, fez um contraponto com as duas conferências apresentadas anteriormente. Com tradicional empenho e competência, elaborou um perfil abrangente do período, explorou as concepções sobre Portugal em relação à invasão napoleônica para concluir que a vinda da família real estimulou feitos Joaninos em Goiás que passaram pelos aspectos administrativos, políticos, econômicos, culturais e tangenciaram a educação. No mesmo sentido, a historiadora Lena Castello Branco Ferreira Freitas elencou, por meio da análise dos relatórios dos presidentes da Província de Goiás, os legados do período joanino, em Goiás. Registre-se, diz a historiadora, que D. João VI e seus ministros tiveram a atenção voltada para o interior, dando início a tentativas de interligação dos caminhos terrestres e das rotas fluviais, com vistas a um projeto de estado fundado na unidade do território brasileiro.

          Por fim, com uma completa visão geográfica de Goiás, Antônio Teixeira Neto nos trouxe um verdadeiro tratado geográfico-político sobre a criação dos municípios goianos e sua expansão em Goiás no século XIX, momento em que houve cerceamento de atuação das câmaras municipais até a primeira metade do século XX com o início da era Vargas. As conferências foram todas seguidas de debate com confreiros, pesquisadores das universidades, convidados da comunidade e da área governamental.

          Como uma entidade que congrega diversos setores da sociedade, a atual direção do IHGG, atualmente exercida pelo presidente escritor, advogado e historiador Aidenor Aires Pereira, consegue promover encontros tão profícuos como este. Ocasiões em que a memória é evocada, debatida e provocada em seus traços narrativos e invariavemente, discutida a partir de seus diversos locais de empoderamento. Os resultados são sempre reflexivos e instigantes, mas principalmente dialógicos. O que nos estimula cada vez mais à história e à pesquisa.




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